domingo, 15 de março de 2009

EXIBIÇÃO DE VÍDEO


NO DIA 17 DE MARÇO (TERÇA-FEIRA)

TEREMOS EXIBIÇÃO E EXPLANAÇÃO DO FILME

"TEMPOS MODERNOS" PARA O 2a.ANO...


NÃO PERCAM.

EXCERTOS TEXTO REVISTA CAROS AMIGOS (3A. ANO)


EXCERTOS DOS TEXTOS DISCUTIDOS - POS-MODERNIDADE (REVISTA CAROS AMIGOS)




1º. TEXTO:. O MUNDO EM NOVA CONFIGURAÇÃO (por Adauto Novaes)
O mundo em nova configuração é um mundo em constante mutação, onde há crises nas instituições políticas e culturais, das normas morais e éticas, da sensibilidade e das mentalidades, esta mutação é fruto de dois fenômenos incontornáveis, a globalização e a revolução tecnocientífica.
O grande problema que se apresenta neste mundo em mutação, regido pela ciência-poder, é que não mais sabemos propriamente onde estamos e para onde vamos porque o movimento vertiginoso da revolução técnica escapa ao entendimento.
O império da técnica no mundo em mutação não é uma acidente da civilização ocidental, mas a própria essência deste mundo. Segundo Adauto Novaes “estamos na presença da ‘inauguração de um mundo sem homem’, [...] pois com o surgimento da inteligência artificial e as idéias de trans-humano e pós-humano, com o descontrole do tempo histórico e a banalização da experiência humana e com as transformações dos sentidos do amor e da amizade, estaria o homem renunciando definitivamente ao seu destino-humano”.( Revista Caros Amigos, 2007, p. 06)

Alguns teóricos a exemplo de Hannah Arendt, já havia indicado críticas a este processo, sobretudo no que se refere à captura do pensamento pela máquina: “ É possível que nós, criaturas terrestres que começamos a agir como habitantes do universo, não sejamos mais capazes de compreender, ou seja, de pensar e de exprimir as coisas que, no entanto, somos capazes de fazer. Nesse caso, tudo se passaria como se nosso cérebro, que constitui a condição material, física de nossos pensamentos, não pudesse mais acompanhar o que fazemos, de modo que doravante teríamos realmente necessidade de máquinas para pensar e para falar em nosso lugar”.
Para Adauto Novaes o mundo em mutação põe o “espírito” em perigo, o “espírito” como a potência do homem de transformar o mundo, é re-orientado pelas modulações da tencnociência. Em sua reflexão o mesmo se apóia em Paul Valéry: “O espírito tornou-se impossível porque ele é supérfluo e como ele toda a nossa civilização está em jogo, prestes a se destruir por seus próprios meios” .

2º. TEXTO:. NÃO SABEMOS MAIS PARA ONDE VAMOS – O PÓS HUMANO É APENAS UM NOME PARA NOSSA IGNORÂNCIA. (por Léo Arcoverde)
Para Jair F. dos Santos: “acabou a revolução natural do homem”, a interação maior do ser humano não é mais com a natureza, não é mais biológica, e sim com as máquinas inteligentes. Para este pesquisador a tendência é que os órgãos humanos sejam substituídos progressivamente por órgãos artificiais – a era das chamadas “próteses informacionais”.

O homem na ordem pós-humana, é um animal informacional que se comunica a partir de códigos computacionais elaborados pela hipercomputação, a biotecnologia e a neurociência. O símbolo do pós humano é o cyborg a mistura de um organismo com próteses cibernéticas, uma projeção humana com rendimento muito superior ao rendimento de um humano sob vários aspectos. O pós-humano para Jair F. dos Santos é uma expressão-tampão para a falta de léxico para descrevermos a própria experiência de não saber para onde estamos indo e o que somos. Trata-se de uma ficção de transcendência.
3º. TEXTO:. O SER HUMANO É POR DEFINIÇÃO OBSOLETO. (por Léo Arcoverde)
Segundo o pesquisador da UFRJ, “o homem é obsoleto por essência, à medida que ele é uma superação de si mesmo, muito embora eu acredite que as novas definições do ser humano encaminham sempre para uma possibilidade de ele se reinventar”.
A ficção cientifica é um relato sobre o futuro ligado à tecnociência e que pode ser um relato otimista – quando se imagina um futuro, em que haja de fato uma melhoria das condições de vida, da felicidade humana – ou uma piora, uma decadência. Na ficção científica é muito evidente que a função da máquina é tão-somente a possibilidade de, a partir de um confronto – não necessariamente um confronto negativo contra a máquina – o homem se redescubra enquanto sua essência. A constatação da obsolescência do homem é uma espécie de constatação recorrente de que os dados precisam ser alterados, precisa modificar a definição de fatores para encarar uma nova realidade.

DARWINISMO SOCIAL














DARWINISMO SOCIAL









DARWINISMO SOCIAL É A ANÁLISE SOBRE A SOCIEDADE

O Darwinismo social é um dos elementos metodológicos da tríade conceitual positivista, juntamente com o organicismo e o evolucionismo. O termo “darwinismo social” foi popularizado em 1944 pelo historiador americano Richard Hofstadter e geralmente tem sido usado mais pelos críticos do que por defensores do que o termo supostamente representa. Para Allan Johnson o Darwinismo Social, pode ser compreendido como uma adaptação feita no século XIX da teoria da evolução de Charles Darwin, é uma explicação teórica da vida social humana em geral e da desigualdade social em particular. Da forma exposta por Hebert Spencer na Grã-Bretanha e, em maior extensão, por William Graham Summer nos Estados Unidos, o desenvolvimento das sociedades assemelha-se à evolução natural com competição entre vários grupos (raciais, étnicos, de classe etc.), fornecendo a dinâmica necessária para que a sociedade progrida através da vitória de grupos superiores sobre os inferiores e menos “aptos”. No tocante à desigualdade social, o darwinismo social atribuía a brecha entre ricos e pobres principalmente a maior “aptidão” dos primeiros para sobreviver e prosperar. Tal teorização possui incongruências profundas e goza de pouca credibilidade entre os modernos cientistas sociais.

A ORIGEM DAS ESPÉCIES (Charles Darwin)As teorizações de Charles Darwin influenciou muito as formulações do darwinismo social, através da teoria da seleção natural Darwin explicou a diversidade de espécies através da evolução dos seres vivos. Com a teoria da evolução diversos cientistas criaram correntes teóricas que defendiam a tese das diferenças raciais entre os seres humanos, da importância de um controle sobre a demografia humana, da possível inferioridade dos povos negros, principalmente no que se refere a inteligência, e a alta taxa de criminalidade e o combate contra a miscigenação.
Um conjunto de pensadores atribuem a fonte do darwinismo social ao próprio Darwin, que na sua obra: A Origem do Homem, havia aplicado o sua teoria ao mundo social. Nesta obra, Darwin ocupa-se da evolução humana e ao fazê-lo aplica os mesmos critérios que utiliza em A Origem das Espécies. Entretanto, foi Herbert Spencer o autor que popularizou a idéia de que grupos e sociedades evoluem através do conflito e da competição. De acordo com esse pensamento, existiriam características biológicas e sociais que determinariam que uma pessoa é superior à outra e, que, as pessoas que se enquadrassem nesses critérios seriam as mais aptas. Geralmente, alguns padrões determinados como indícios de superioridade em um ser humano seriam o maior poder aquisitivo; a maior habilidade nas ciências humanas e exatas e a raça da qual ela faz parte.
O Darwinismo Social foi empregado para tentar explicar a pobreza pós-revolução industrial sugerindo que os que estavam pobres eram os menos aptos (segundo a teoria de Darwin). Durante o século XIX as potências européias também usaram o Darwinismo Social como justificação para o Imperialismo europeu.

ATIVIDADE DE REFLEXÃO
[Na contra mão do óbvio]

A partir das discussões em sala de aula e de seu entendimento sobre Darwinismo Social, elabore um texto dissertativo focalizando uma crítica atualizada sobre a política de cotas em relação aos negros e afro descendentes nas universidades públicas brasileiras. Observe atentamente para o teor ultrapassado do Darwinismo Social e emita seu parecer crítico sobre estes pontos polêmicos. Realize também uma leitura da situação econômica e cultural dos negros e afro descendentes tendo em vista a contra critica ao Darwinismo.

EFEITOS SOCIAIS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E SOCIEDADE NO SÉCULO XVIII

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A Revolução Industrial teve início no século XVIII, na Inglaterra, com a mecanização dos sistemas de produção. Enquanto na Idade Média o artesanato era a forma de produzir mais utilizada, na Idade Moderna tudo mudou. A burguesia industrial ávida por maiores lucros, menores custos e produção acelerada buscou alternativas para melhorar a produção de mercadorias. Também podemos apontar o crescimento populacional, que trouxe maior demanda de produtos e mercadorias.
Foi a Inglaterra o país que saiu na frente no processo de Revolução Industrial do século XVIII. Este fato pode ser explicado por diversos fatores. A Inglaterra possuía grandes reservas de carvão mineral em seu subsolo, ou seja, a principal fonte de energia para movimentar as máquinas e as locomotivas à vapor. A mão-de-obra disponível em abundância, também favoreceu a Inglaterra, pois havia uma massa de trabalhadores procurando emprego nas cidades inglesas do século XVIII. A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, comprar matéria-prima e máquinas e contratar empregados. O mercado consumidor inglês também pode ser destacado como importante fator que contribuiu para o pioneirismo inglês. O século XVIII foi marcado pelo grande salto tecnológico nos transportes e máquinas. As máquinas à vapor, principalmente os gigantes teares, revolucionaram o modo de produzir. Se por um lado a máquina substituiu o homem, gerando milhares de desempregados, por outro baixou o preço de mercadorias e acelerou o ritmo de produção.
ALTERAÇÕES SOCIAIS E CONDIÇÕES DE TRABALHO
As fábricas do início da Revolução Industrial não apresentavam o melhor dos ambientes de trabalho. As condições das fábricas eram precárias. Eram ambientes com péssima iluminação, abafados e sujos. Os salários recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava-se a empregar o trabalho infantil e feminino. Os empregados chegavam a trabalhar até 18 horas por dia e estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas como, por exemplo, férias, décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso semanal remunerado ou qualquer outro benefício. Quando desempregados, ficavam sem nenhum tipo de auxílio e passavam por situações de precariedade.
Em muitas regiões da Europa, os trabalhadores se organizaram para lutar por melhores condições de trabalho. Os empregados das fábricas formaram as trade unions (espécie de sindicatos) com o objetivo de melhorar as condições de trabalho dos empregados. Houve também movimentos mais violentos como, por exemplo, o ludismo. Também conhecidos como "quebradores de máquinas", os ludistas invadiam fábricas e destruíam seus equipamentos numa forma de protesto e revolta com relação à vida dos empregados. O cartismo foi mais brando na forma de atuação, pois optou pela via política, conquistando diversos direitos políticos para os trabalhadores.
A Revolução tornou os métodos de produção mais eficientes. Os produtos passaram a ser produzidos mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o consumo. Por outro lado, aumentou também o número de desempregados. As máquinas foram substituindo, aos poucos, a mão-de-obra humana. A poluição ambiental, o aumento da poluição sonora, o êxodo rural e o crescimento desordenado das cidades também foram conseqüências nocivas para a sociedade. Até os dias de hoje, o desemprego é um dos grandes problemas nos países em desenvolvimento. Gerar empregos tem se tornado um dos maiores desafios de governos no mundo todo. Os empregos repetitivos e poucos qualificados foram substituídos por máquinas e robôs. As empresas procuram profissionais bem qualificados para ocuparem empregos que exigem cada vez mais criatividade e múltiplas capacidades. Mesmo nos países desenvolvidos tem faltado empregos para a população.
ATIVIDADE PARA CASA

1- A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ACONTECEU NA INGLATERRA POR DIVERSOS MOTIVOS ENTRE ESTES, PODEMOS AFIRMAR COMO CERTOS:

A-( ) A Inglaterra foi pioneira porque os EUA não tinha interesse imediato na Revolução Industrial, pois se tivesse ela teria ocorrido nos Estados Unidos, tendo em vista que este país é o mais rico do mundo.
B-( ) Vários fatores podem ser considerado como influenciadores entre estes as riquezas que a Inglaterra conseguiu acumular com a exploração de outros países.
C- ( ) O motivo primordial da revolução ter acontecido na Inglaterra é o fato deste país ter uma excelente localização geográfica e proximidade com o Oceano Atlântico.
D-( )A sociedade inglesa como um todo possui o anseio pela revolução, os motivos foram diversos e aspiração de grupos específicos contribuiu muito.
E-( ) As fontes de energia natural que se localizavam na Inglaterra não se constituem como fator decisivo para a revolução ter acontecido, e sim o fato deste país ter muita reserva mineral.
F-( ) Além de uma série de fatores importantes,a Inglaterra possui mão de obra abundante e qualificada.

2- SABEMOS QUE A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL TROUXE CONSIGO UM FARDO DE ALTERAÇÕES NA VIDA SOCIAL, QUE FORAM IMPRESCINDIVEIS PARA O SURGIMENTO DE PROBLEMAS NA SOCIEDADE DA ÉPOCA, ENTRE ESTES NÃO PODEMOS CONSIDERAR:

A-( ) Com a Revolução Industrial na Inglaterra a sociedade foi impactada com um desenvolvimento manufatureiro nunca antes visto, questão que contribuiu muito para a geração de riqueza e a diminuição do número de pobres.
B- ( ) Através da Revolução e da complexização da relação de trabalho, um número maior de pessoas tiveram oportunidade de trabalho na fábrica, assim como o reconhecimento de seus direitos como cidadão empregado.
C-( ) Crescimento acelerado da acumulação de riqueza; crescimento abrupto e desorganizado das cidades; migração campo-cidade e uma série de outros problemas, a exemplo do aumento gradativo de doenças na população que se urbanizava.
D- ( ) A revolução industrial, marcou um período importante na história da humanidade, tanto na dimensão social, como política econômica.
E- ( ) Com a Revolução a situação entre patrão e empregado fico mais complexa, o nível de exploração do primeiro em relação ao segundo, também aumentou progressivamente.
F-( ) Um dos fatos importantes estimulados pela Revolução Industrial, que aconteceu na Alemanha, antes mesmo de acontecer na Inglaterra, foi a consolidação do capitalismo e o aceleramento da globalização.
G- ( ) Sem sombra de dúvida a Revolução Industrial trouxe consigo uma perversa competição entre classes, que ainda se mostra presente na sociedade.

POSITIVISMO

COLÉGIO INSTITUTO SOCIAL DA BAHIA
Disciplina: Sociologia – 2ª ANO
Prof. Antonio Mateus de C. Soares
http://www.sociologiaisba.blogspot.com/


POSITIVISMO



AUGUSTE COMTE (1798-1857) E O POSITIVISMO
Auguste Comte nasceu em Montpellier, França, em 19 de janeiro de 1798, filho de um fiscal de impostos. Suas relações com a família foram sempre tempestuosas e contêm elementos explicativos do desenvolvimento de sua vida e talvez até mesmo de certas orientações dadas às suas obras, sobre­tudo em seus últimos anos.
CONTEXTO HISTÓRICO
Em 1816, a onda reacionária que se apoderou de toda a Europa, depois da derrota de Napoleão e da Santa Aliança, repercutiu na Escola Politécnica. Os adeptos da restauração da Casa Real dos Bourbon conseguiram o fechamento temporário da Escola, acusando-a de jacobinismo, Comte deixou a Politécnica e, apesar dos apelos insistentes da família, resolveu continuar em Paris. Nesse período sofreu as influências dos chama­dos “ideólogos”: Destutt de Tracy (1754 – 1836), Cabanis (1757 - 1808) e Volney (1757 - 1820). Leu também os teóricos da economia política, como Adam Smith (1723 - 1790) e Jean-Baptiste Say (1767 - 1832), filósofos e historiadores como David Hume (1711 - 177 6) e W William Robertson (1721 - 1793). O fator mais decisivo para sua formação foi, porém, o estudo do Esboço o de um Quadro Histórico dos Progressos do Espírito Humano, de Condor­cet (1743 - 1794), ao qual se referiria, mais tarde, como "meu imediato predecessor". A obra de Condorcet traça um quadro do desenvolvimento da humanidade, no qual os descobrimentos e invenções da ciência e da tecnologia desempenham papel preponderante, fazendo o homem caminhar para uma era em que a organização social e política seria pro­duto das luzes da razão: Essa idéia tornar-se-ia um dos pontos fundamentais da filosofia de Comte.
OS TRÊS TEMAS BÁSICOS
O núcleo da filosofia de Comte radica na idéia de que a sociedade só pode ser convenientemente reorganizada através de uma completa reforma intelectual do homem. Com isso distingue-se de outros filósofos de sua época como Saint-Simon e Fourier, preocupados também com a reforma das instituições, mas que prescreviam modos mais diretos para efetivá-la. Enquanto esses pensadores pregavam a ação prática imediata, Comte achava que antes disso seria necessário fornecer aos homens novos hábitos de pensar de acordo com o esta­do das ciências de seu tempo. Por essa razão, o sistema Comteano estruturou-se em torno de três temas básicos. Em primeiro lugar, uma filosofia da história com o objetivo de mostrar as razões pelas quais uma certa maneira de pensar (chamada por ele filosofia positiva ou pensamento positivo) deve imperar entre os homens. Em segundo lugar, uma fundamentação e classificação das ciências baseadas na filosofia positiva. Finalmente, uma sociologia que, deter­minando a estrutura e os processos de modificação da sociedade permitisse a reforma prática das instituições. A esse deve-se acrescentar a forma religiosa assumida pelo plano de renovação social, proposto por Comte nos seus últimos anos de vida.



O PROGRESSO DO ESPÍRITO
A filosofia da história – primeiro tema da filosofia de Comte – pode ser sintetizada na sua célebre lei dos três estados: todas as ciências e o espírito humano como um todo se desenvolvem através de três fases distintas: a teológica, a metafísica e a positiva.
No estado teológico o número de observações dos fenômenos reduz-se a poucos casos e, por isso, a imaginação desempenha papel de primeiro plano. Diante da diversidade da natureza, o homem só consegue explica-­la mediante a crença na intervenção de seres pessoais e sobrenaturais. O mundo torna-se compreensível somente através das idéias de deuses e espíritos. Segundo Comte, a mentalidade teológica visa a um tipo de compreensão absoluta; o homem nesse estágio de desenvolvi­mento acredita ter posse absoluta do conhecimento. Além dos limites dos seres sobrenaturais, o homem não analisa qualquer problema sem recorrer à intervenção das divindades, que por sua vez fornece um quadro para compreensão dos fenômenos que ocorrem ao seu redor.
O estado teológico se divide em três estágios sucessivos: o fetichismo, o politeísmo e o monoteísmo. No fetichismo observa-se uma vida espiritual atribuída aos seres naturais. O politeísmo esvazia os seres naturais das vidas humanas e as explicações sobre a vida institui-se a partir das crenças às divindades. No monoteísmo, a distância entre os seres e seus princípios explicativos aumenta ainda mais; o homem, nesse estágio, reúne todas as divindades em uma só.
A fase teológica monoteísta representaria no desenvolvimento do espírito humano uma etapa de transição para o estado metafísico. Este inicialmente concebe “forças” para explicar os diferentes grupos de fenômenos em substituição às divindades da fase teológica. Fala-se então de uma “força física”, uma “força química”, uma “força vital”. Num segundo período, a mentalidade metafísica reuniria todas essas forças numa só, a chamada “natureza”, unidade que equivaleria ao deus único do monoteísmo.
O estado metafísico tem segundo Comte, outros pontos de contato com o teológico. Ambos tendem à procura de soluções absolutas para os problemas do homem; a metafísica, tanto quanto a teologia, procura explicar a “natureza íntima” das coisas, sua origem e destinos últimos, bem como a maneira pela qual são produzidas. A diferença reside no fato da metafísica colocar o abstrato no lugar do concreto e a argumentação no lugar da imaginação. Nessa perspectiva Comteana, o estado metafísico se caracterizaria fundamentalmente pela dissolução do teológico. A argumentação penetrando nos domínios das idéias teológicas traria à luz suas contradições inerentes e substituiria a vontade divina por "idéias" ou "forças". Com isso, a metafísica destruiria a idéia teológica de subordinação da natureza e do homem ao sobrenatural.
O PENSAMENTO POSITIVO
O estado positivo caracteriza-se, segundo Comte, pela subordinação da imaginação pela observação. Cada proposição enunciada de maneira positiva deve corresponder a um fato, seja particular, seja universal. Isso não significa, porém, que Comte defenda um empirismo puro, ou seja, a redução de todo conhecimento à apreensão exclusiva de fatos isolados. A visão positiva dos fatos abandona a consideração das causas dos fenômenos (procedimento teológico ou metafísico) e torna-se pesquisa de suas leis, entendidos como relações constantes entre fenômenos observáveis. Quando procura conhecer fenômenos psicológicos, o espírito positivo deve visar às relações imutáveis presentes neles - como quando trata de fenômenos físicos, como o movimento ou a massa; só assim conseguiria realmente explicá-los. Segundo Comte, a procura de leis imutáveis ocorreu pela primeira vez na história quando os antros gregos criaram a astronomia matemática. Na época moderna, o mesmo procedimento reaparece em Bacon (1561 - 1626), Galileu (1564 - 1642) e René Descartes (1596 - 1650), os fundadores da filosofia positiva, para Comte.
A filosofia positiva ao contrário dos estados teológico e metafísico considera impossível a redução dos fenômenos naturais a um só princípio (Deus, natureza ou outro experiência equivalente). Segundo Comte, a experiência nunca mostra mais do que uma limitada interconexão entre determinados fenômenos. Cada ciência ocupa-se apenas com certo grupo de fenômenos, irredutíveis uns aos outros. A unidade que o conhecimento pode alcançar seria, assim, inteiramente subjetiva, radicando no fato de empregar-se um mesmo método, seja qual for o campo em questão: uma idêntica metodologia produz convergência e homogeneidade de teorias.
Essa unidade do conhecimento não é apenas individual, mas também coletiva; isso faz da filosofia positiva o funda­mento intelectual da fraternidade entre os homens, possibilitando a vida prática em comum. A união entre a teoria e a prática seria muito mais íntima no esta­do positivo do que nos anteriores, pois o conhecimento das relações constantes entre os fenômenos torna possível deter­minar seu futuro desenvolvimento. O conhecimento positivo caracteriza-se pela previsibilidade: “ver para prever” é o lema da ciência positiva. A previsibilidade científica permite o desenvolvi­mento da técnica e, assim, o estado positivo corresponde à indústria, no sentido de exploração da natureza pelo homem.
Em suma, o espírito positivo, segundo Comte, instaura as ciências como investigação do real, do certo e indubitável, das verdades absolutas, do precisamente determinado e do útil. Nos domínios do social e do político, o estágio positivo do espírito humano marcaria a passagem do poder espiritual para as mãos dos sábios e cientistas e do poder material para o controle dos industriais.
O POSITIVISMO NO BRASIL
O positivismo de Auguste Comte exerceu larga influência nos mais variados círculos. Enquanto doutrina sobre o conhecimento e sobre a natureza do pensamento científico, incorporou-se a outras correntes análogas, que procuraram valorizar as ciências naturais e suas aplicações práticas. Junto a essas outras correntes, o positivismo constitui um dos traços característicos do pensa­mento que se desenvolveu na Europa durante o século XIX.
As primeiras manifestações do positivismo no Brasil datam de 1850, quando Manuel Joaquim Pereira de Sá apresentou tese de doutoramento em ciências físicas e naturais, na Escola Militar do Rio de Janeiro. A esse trabalho viriam juntar-se a tese de Joaquim Pedro Manso Sayão sobre corpos flutuantes e a de Manuel Pinto Peixoto sobre os princípios do cálculo diferencial. Em todos se encontram inspirações da filosofia Comteana.
Em 1876 fundou-se a primeira sociedade positivista do Brasil, tendo a frente Teixeira Mendes, Miguel Lemos e Benjamin Constant (1836 - 1891). No ano seguinte, os dois primeiros viajaram para Paris, onde conheceram Émile Littré e Pierre Laffite. Miguel Lemos decepcionou-se com “o vazio do littreísmo” e tornou-se adepto fervoroso da religião da humanidade, dirigida por Laffite. De volta ao Brasil fundou a Sociedade Positivista do Rio de Janeiro, que constitui a origem do Apostolado Positivista do Brasil e da Igreja Positivista do Brasil, cuja finalidade era “for­mar crentes e modificar a opinião por meio de intervenções oportunas nos negócios públicos”.
Entre essas intervenções, sem dúvida, foi importante a participação dos positivistas no movimento republicano, embora seja um exagero dizer-se que foram eles que proclamaram a República, em 1889. Influíram, é verdade, na Constituição de 1891 e a bandeira brasileira passou a ostentar o lema Comteano “Ordem e Progresso”.


(Texto organizado pelo Professor da Disciplina)